martes, 5 de agosto de 2008

Olhos, alma e sentido (por Nana Firmino)

Escrevo
Nas mal traçadas linhas
Escrevo
Sobre tudo o que vejo
E o que meus olhos alcançam

Ah, meus olhos...
O que eles alcançam?
Vão além da estética
Muito além daquilo que perece
Eles chegam à alma

E a alma...
Ah, esta não padece
Dos males de que padece a roupa que a reveste
Ela vive e sobrevive a tudo, é perene
Nem mesmo à gravidade sede, posto que é leve leve

Sim...
Meus olhos alcançam à alma
Que é como o mar, a imensidão
O mar e seus mistérios, ora quieto ora inquieto
No leva e traz de suas ondas, nem tudo explica a razão

Por trás das formas, há mais
Muito mais que meras formas
Em que esbarram alguns olhos
Que não conseguem enxergar:
As formas têm conteúdo

É...
Meus olhos alcançam no corpo a alma
E o conteúdo das formas

Alma e conteúdo, sinônimos
Ao passo que revelam todo o sentido
Revelam todo o não-sentido do corpo e das formas

Há aqueles olhos, porém
Que conscientes escolhem
Tudo o que é não-sentido
Tudo que veste e reveste
O mundo desconhecido

Há os olhos que preferem
O mundo das aparências
Preferem convictos atirar-se
No abismo de um deserto
A mergulhar no mar da essência

Por que insistem alguns olhos
Na miopia da estética?
Mundo das aparências
Onde o falso belo aproxima
E o falso feio repulsa

Ah, olhos tolos
Os que de mentiras vivem
Da verdade têm medo e não vêem os perigos
De descartarem a essência
E seguirem no mundo perdidos

Ah, meus olhos
Míopes até podem ser
Mas de uma coisa estou certa
Miopia da estética não há de ser
Preferem buscar sentido em tudo enquanto viver

Sei...
Meus olhos podem até vir a sofrer
Diante da essência, do conteúdo das formas
Mas preferirão sempre ser olhos participantes
A ver a vida passar como meros espectadores

Aqueles olhos tolos que me perdoem
Mas essência e sentido são fundamentais

Feita essa descoberta
Senti-me mais leve
Em paz

Do corpo, escolhi a alma
Das formas, o conteúdo
E na busca do sentido
Convivo bem mais feliz
Com o belo e o feio que há em tudo

Que leveza sinto em meu ser
Ao essas mal traçadas linhas escrever
Sobre tudo aquilo que vejo
E que os meus olhos alcançam

Meus olhos alcançam à alma


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